domingo, 22 de setembro de 2013

Paulo era de veneta!


Nos últimos meses, o grupo de estudo bíblico em que participo, às quintas-feiras, esteve abordando todo o livro de Atos do Apóstolos. Foi interessante se aprofundar, a cada semana, numa linha de raciocínio com outras pessoas a respeito de tudo que Lucas relatou sobre o surgimento da igreja primitiva, especialmente acerca das viagens missionárias de Paulo e sua estratégia evangelística. Como expliquei na postagem inaugural deste blog, o livro Temperamentos Transformados elege o Apóstolo Paulo como o ícone bíblico do comportamento colérico, ou seja, se por um lado ele possui virtudes que fazem dele um líder entusiasta, determinado, prático, eficiente e audacioso, por outro lado, ele também carrega certos defeitos, como a prepotência, a intolerância, a auto suficiência e o mau humor. Estes elementos são claramente vistos enquanto lemos a respeito de suas viagens, inclusive, no episódio em que ele discute com Barnabé, seu colega de missão, a ponto deste último se separar e rumar para outro lugar, tocando seu ministério sozinho.

É curioso como Deus não escolhe pessoas perfeitas para seus propósitos. Pra começar, elas não existem. Mas não deixa de ser curioso notar como as deficiências comportamentais de Paulo são chamativas. Parece que seu caráter revela muito mais para nós do que o próprio Paulo gostaria. Mas aprendemos grandes lições acerca disso. Uma delas está justamente no fato de que, ao mesmo tempo em que a determinação e o entusiasmo o levam à várias cidades para pregar o evangelho, sua intolerância com os incrédulos e escarnecedores o faz dar meia volta! Como aconteceu por exemplo, em Antioquia e Icônio, onde após passar um bom tempo debatendo acerca da vida, morte e ressurreição de Jesus, e acaba "sacudindo o pó das sandálias" e indo para outra cidade, em virtude do endurecimento de coração de seus ouvintes nas sinagogas. Casos parecidos também ocorreram em Tessalônica, Corinto e Éfeso: ao chegar à estas cidades, como de costume, nos sábados Paulo ia às sinagogas para levar as boas novas. Durante algum tempo, e mesmo após a conversão de muitos, a irritação com os que resistiam e blasfemavam era tanta, que o apóstolo sacudia as roupas num gesto de "cansei, já chega" e ia para a casa de algum irmão recém-convertido que o recebia.

Esse gesto nos mostra que, na maioria das vezes, não dá pra ficar perdendo tempo com quem não quer ouvir. Acredito que o evangelho não pode ser empurrado "goela abaixo" das pessoas, acho que aqueles que possuem a pré disposição de ouvir, nos receberão com alegria e disso nascerão muitos frutos. Só consideram ouvir do evangelho de Jesus Cristo aqueles que têm fé - e explicar o que é fé é meio difícil, porque dá até pra confundi-la com loucura - e não aqueles que exigem pura lógica e provas científicas... simples assim. Por isso, Paulo sempre obedecia à voz de Deus, indo onde era preciso, de forma que num espaço de dois anos, toda a Ásia ouviu falar de Jesus: aceitá-lo ou não, isso já era outra questão. Pois é, Deus usou esse homem, alguém com tantas virtudes e tantos defeitos, alguém como eu e você, para uma empreitada de proporções gigantescas, tendo sofrido, sido surrado, apedrejado, preso, naufragado, e ainda assim, alcançado o propósito desejado. Um homem que, mesmo com todo o peso da responsabilidade sobre seus ombos, se permitia continuar sendo humano, "explodindo" de vez em quando, sendo grosso às vezes, mas nunca deixando de ser sincero e verdadeiro. Empregando uma expressão que a minha avó usava, esse Paulo era mesmo de veneta!

Tudo de bem!


(Continue acompanhando o blog... uma hora dessas a gente conversa sobre a questão da fé.)

2 comentários:

  1. Engraçado. Me recordei de uma ocasião em que permaneci mudo numa reunião. Depois tava encomodado por não ter vomitado algumas coisas...Deveria ter dado uma de Paulo mermo. Faca na bota! rsrsrs

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    1. É verdade, às vezes a gente deixa passar a oportunidade, depois se arrepende. Obrigado pelo comentário, André.

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